A importância de um retiro espiritual

Os retiros que a Igreja costumeiramente promove para os cristãos têm por objetivo imitar o exemplo de Jesus, a fim de colocar-se em oração e escuta da vontade de Deus para a construção e edificação do Seu Reino na Terra, por meio da conformação de seus filhos e filhas a Cristo.

Os evangelhos relatam que, antes de tomar decisões ou realizar atos importantes, Jesus se retirava para uma região montanhosa ou desértica, onde passava longos tempos de silêncio e oração. Foi assim que escolheu seus seguidores mais próximos: “(…) naqueles dias, subiu ao monte para orar, e passou a noite em oração a Deus. Quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6,12-13).

 

IMITAR O EXEMPLO DE JESUS

 

Os retiros que a Igreja costumeiramente promove para os cristãos têm por objetivo imitar o exemplo de Jesus, a fim de colocar-se em oração e escuta da vontade de Deus para a construção e edificação do Seu Reino na Terra, por meio da conformação de seus filhos e filhas a Cristo. 

 

A estrada para a vida eterna que o Senhor nos aponta requer um testemunho de fé: vida de oração, de intimidade e diálogo com Deus, vida sacramental e missionária. E na correria e no barulho do dia a dia, com rotinas tão intensas e pessoas cada vez mais cheias de compromissos, é forte o apelo a distanciar-se do silêncio e do tempo dedicado à oração. No entanto, acentua-se a necessidade desse “retirar-se para estar com o Senhor” justamente pelos mesmos motivos.

 

BUSCA DA ESPIRITUALIDADE

 

Um retiro espiritual prepara a pessoa para viver a busca da sua espiritualidade na sua vida cotidiana, por meio de um processo que não deixa alguém “pronto”, mas fortalecido para a sua luta diária e constante de escolher a melhor parte. 

 

No Evangelho de Lucas 10, 38-42, vemos a narrativa de quando Jesus passa por Betânia, caminho de quem ia de Jerusalém para Jericó e vice-versa, e visita seus amigos Lázaro, Marta e Maria. Fazendo este caminho, visita-os para descansar por alguns instantes. No entanto, somente Maria se assenta aos pés do Mestre para escutá-Lo, pois Marta está ocupadíssima, mergulhada no seu ativismo, realidade que a cega em seu campo espiritual: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada” (Lc 10, 41-42). 

 

 

OFERTA DE TEMPO

 

Por isso, o retiro é um caminho valioso que permite que a pessoa se desligue da sua rotina oferecendo não o tempo que lhe sobra, mas o tempo que é precioso e ofertado ao Senhor, escolhendo a “boa parte”. Fazer um retiro é retirar-se da vida cotidiana para refletir sobre si mesmo, sobre o modo como está vivendo, agindo, se comportando, dedicando um tempo para si e para Deus, para conhecer-se em plenitude, fortalecer a fé e os laços de comunhão, a fim de renovar a vida orante e a espiritualidade, que prepara os cristãos para a luta constante rumo ao céu. O retiro, o recolhimento e a oração tornam-se mais necessários para renovar as forças espirituais e realizar o ser humano como pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, aperfeiçoando-se à imagem de Cristo. 

 

ENCONTRO COM DEUS

 

Os retiros de desdobram em diversos temas e áreas de aprofundamento, mas o objetivo central é sempre possibilitar uma nova experiência de encontro com Deus, para reavivar a chama da fé. Muitas pessoas vivem sem sentido em seu existir, buscando respostas para a sua profissão, para a sua vocação, para situações familiares, entre outros, e por meio de um retiro espiritual é possível ressignificar a vida, resgatando a essência da criação de Deus, o primeiro amor. 

 

VIDA DE ORAÇÃO

 

Marta acreditava que Jesus a amava por aquilo que ela fazia. Maria, ao contrário, sabia que era amada por Jesus por aquilo que ela era, por isso escolheu ofertar a si mesma, não o que poderia fazer. Todas as pessoas precisam parar, em algum momento, para olhar para dentro si, cuidar do seu coração, das suas alegrias e das suas feridas, e, assim, escutar a Deus, sentir-se amado e cuidado por Ele. Constituído de desejos, necessidades e anseios, que precisam ser canalizados em Deus para a saúde da alma e para as escolhas certas rumo à felicidade pessoal e do próximo, o ser humano tem a capacidade nata para a comunhão com Deus, pois traz no seu coração a marca de pertença ao Senhor e a atração natural ao Seu amor. Jesus não condenou o trabalho de Marta, todavia, estando com Ele, em amizade e em intimidade, se aprende o que, como e quando fazer. 

 

“(…) mas respondam no seu coração, não em voz alta, mas no silêncio: Eu rezo? Cada um responda. Eu falo com Jesus ou tenho medo do silêncio? Deixo que o Espírito Santo fale no meu coração? Eu pergunto a Jesus: Que queres que eu faça, que queres da minha vida? (Papa Francisco, Vigília de Oração, JMJ Rio 2013). 

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